quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Olinda e Recife: história eclesiástica

por monsenhor José Albérico Bezerra, vigário-geral da Arquidiocese de Olinda e Recife


Vale a pena recordar que nossa história eclesiástica oficial começa em 1614, quando foi criada a Prelazia de Pernambuco. Mas foi somente em 1676 que foi criada a Diocese de Olinda, cujo território era por demais vasto, abrangendo a totalidade dos estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. Até a criação da Arquidiocese de Olinda, em 05 de dezembro de 1910, tivemos como um Prelado, um Administrador Apostólico e 23 bispos como pastores, que corajosamente enfrentaram grandes distâncias, auxiliados pelos padres e visitadores diocesanos.

Dentre estes, destaca-se nosso 20º bispo, o grande dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira, membro da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Nascido em 1844 e ordenado presbítero em 1868, com apenas 28 anos incompletos foi ordenado bispo de Olinda. Juntamente com dom Antonio de Macedo Costa, bispo do Pará, foi protagonista da Questão Religiosa, que ocorreu de 1872 a 1875, por causa de sua interdição nas relações do clero com a maçonaria.

Quando a diocese de Olinda tornou-se arquidiocese, cujo centenário está às portas, o 24º bispo, dom Luís Raimundo da Silva Brito, foi seu 1º arcebispo. Sucedeu-o dom Sebastião Leme da Silveira Cintra, vindo da Arquidiocese do Rio de Janeiro, onde era bispo auxiliar, e para onde retornou em 1921, como arcebispo coadjutor. Em 1930, sendo arcebispo do Rio de Janeiro, tornou-se o segundo cardeal do Brasil. Tanto em Olinda e Recife quanto no Rio de Janeiro, dom Leme destacou-se pelo apoio dado à promoção e formação do laicato católico.

Foi em 1918 que, pela Bula “Cum Urbs Recife”, do papa Bento XV, a Arquidiocese de Olinda foi renomeada e passou a denominar-se Arquidiocese de Olinda e Recife.

Em 1922, dom Miguel de Lima Valverde assumiu o pastoreio, até 1951, quando foi sucedido por dom Antônio de Almeida Morais Júnior, que aqui esteve até 1960, quando foi nomeado arcebispo de Niterói (RJ). Nosso 5º arcebispo metropolitano foi, inclusive, quem teve o menor pastoreio. Dom Carlos Gouvêa Coelho, que havia sido bispo de Nazaré (PE) e de Niterói (RJ), aqui chegou em 1960 e faleceu em 1964, não resistindo a uma cirurgia a que havia sido submetido.

Dom Helder Pessoa Camara, nascido em Fortaleza (CE), em 1909, veio para Olinda e Recife como nosso 6º arcebispo metropolitano, vindo do Rio de Janeiro, onde trabalhava como bispo auxiliar do cardeal-arcebispo dom Jaime de Barros Câmara. Com a morte repentina de dom Carlos Coelho, o papa Paulo VI, em 12 de março do mesmo ano, nomeou-o para a Igreja de Olinda e Recife, sendo aqui acolhido em 12 de abril de 1964. Foi o idealizador da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e responsável pelo XXXVI Congresso Eucarístico Internacional, no Rio de Janeiro. Foi como nosso arcebispo metropolitano que o mundo inteiro o reconheceu como Homem de Paz.

Em 1984, conforme as prescrições canônicas, dom Helder apresentou à Santa Sé sua renúncia ao governo arquidiocesano e foi sucedido pelo pernambucano dom José Cardoso Sobrinho, frade carmelita, até então bispo de Paracatu (MG), que, com não pouca relutância, somente com a intervenção pessoal do Santo Padre João Paulo II, aceitou sua nomeação para suceder dom Helder Camara. Em 15 de julho de 1985, acolhemos nosso 7º arcebispo metropolitano. Durante seu pastoreio de 24 anos, trabalhou intensamente pelas vocações sacerdotais e deixou muito facilmente transparecer sua espiritualidade eucarística. Foi presidente do Regional Nordeste 2 da CNBB. Como arcebispo, fundou em 1993 o Movimento Pró-Criança, que tem como missão promover a melhoria da qualidade de vida e a conquista da cidadania de crianças, adolescentes e jovens em situação de risco ou abandono, na Região Metropolitana do Recife, através de um trabalho interdisciplinar composto por atividades que integram família e comunidade na busca da inclusão social.

Ao completar 75 anos, dom José Cardoso apresentou seu pedido de renúncia ao Santo Padre e, em 1º de julho de 2009, a Santa Sé publicou a nomeação de dom Antônio Fernando Saburido, OSB, como 8º arcebispo de Olinda e Recife, sendo aqui acolhido em 16 de agosto de 2009.

Ao terminar essa rápida apresentação sobre os sucessores dos Apóstolos que aqui nos confirmaram na fé, não podemos deixar de elencar os nomes dos bispos auxiliares que aqui trabalharam nos últimos cem anos: dom João Irineu Joffily (1914-1916), dom João Batista Portocarrero Costa (1953-1959), dom José Lamartine Soares (1962-1985), dom Hilário Moser, SDB (1988-1992) e dom João Evangelista Martins Terra, SJ (1988-1994).


Aos poucos, iremos divulgando os eventos a serem realizados, ao mesmo tempo em que esperamos o engajamento de todas as comunidades paroquiais, presentes nesta arquidiocese e demais dioceses da Província Eclesiástica, uma vez que todos somos protagonistas destes cem anos de História.

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